O que são os coloides?
Os coloides são misturas que a olho nu aparentam um aspecto de solução, ou seja, uma mistura homogênea. No entanto, ao se detalhar a mistura, utilizando-se um microscópio, por exemplo, verifica-se que se trata de uma mistura heterogênea.
Outro modo de definir é considerando as fases dispersantes e dispersas. Assim, os coloides são misturas em estado líquido, sólido ou gasoso que são compostas por uma fase dispersante e outra dispersa.
O que acontece é que as partículas (fase dispersa) possuem tamanho intermediário entre 1-1000 nm e estão em uma fase dispersante que pode ser interpretada como o solvente de uma solução sendo responsável por envolver as partículas (soluto). Como essas misturas apresentam, pelo menos, 2 fases são consideradas heterogêneas.
No nosso cotidiano temos contato com inúmeros produtos que são coloidais, como é o caso do leite, da fumaça, da neblina, do sangue, de cremes hidratantes, entre outros. Em alguns produtos, há ainda a recomendação para se agitar antes do uso e isso se deve para que as partículas coloidais se unam.
No entanto, vale ressaltar que as misturas coloidais não apresentam uma sedimentação de forma natural. Isso significa que ao colocarmos um coloide em um recipiente, as partículas não iram se depositar no fundo. Por conta desse comportamento, as partículas não podem ser filtradas.
Como os coloides podem ser classificados?
Os coloides podem ser classificados de acordo com os estados físicos das partículas dispersas e do dispersante da mistura. Os tipos de coloides são: gel, espuma, aerossol, emulsão e sol.
Gel
Os coloides em gel apresentam o componente disperso em estado líquido enquanto o componente dispersante no estado sólido. São exemplos de coloides em gel: gelatina, pasta de dente, sílica-gel.
Espuma
As espumas apresentam o componente disperso no estado gasoso enquanto o componente dispersante pode estar no estado líquido ou sólido. Os exemplos de coloides em espuma conhecidos são: chantilly, clara em neve, espuma de barbear e até mesmo a pipoca.
Aerossol
Já os sistemas coloidais do tipo aerossol possuem a fase dispersa no estado sólido ou líquido enquanto a fase dispersante está na fase gasosa. São exemplos de aerossóis: sprays, fumaças, neblina e nuvem.
Emulsão
As emulsões são formadas pelas misturas que apresentam o componente disperso em estado líquido e o dispersante em estado líquido ou sólido. São bastante comuns na indústria alimentícia e alguns exemplos são a maionese, a manteiga, o queijo e o sorvete.
Sol
O sistema coloidal em sol apresenta a fase dispersa em estado solido e o dispersante pode estar em estado líquido ou sólido. Alguns exemplos do coloides em sol são o rubi, a safira, a pérola e o sangue.
Para simplificar as informações apresentadas, segue uma tabela:
Sistema coloidal | Fase dispersa | Fase dispersante | Exemplo |
Gel | Líquido | Sólido | pasta de dente |
Espuma líquida | Gasoso | Líquido | Chantilly |
Espuma sólida | Gasoso | Sólido | Pipoca |
Aerossol líquido | Líquido | Gasoso | Neblina |
Aerossol sólido | Sólido | Gasoso | Fumaça |
Emulsão líquida | Líquido | Líquido | Maionese |
Emulsão sólida | Líquido | Sólido | Margarina |
Sol líquido | Sólido | Líquido | Sangue |
Sol sólido | Sólido | Sólido | Rubi e safira |
Quais as características dos coloides?
Além da aparência ser a de uma mistura homogênea e de apresentarem a fase dispersante e a fase dispersa na sua constituição, os coloides apresentam outras características em comum como o efeito Tyndall.
O efeito Tyndall está relacionado à dispersão da luz pelas partículas coloidais. O que acontece é que ao incidir uma luz em um sistema coloidal é possível visualizar o trajeto que a luz faz. Esse fenômeno acontece devido ao tamanho considerável das partículas dispersas, pela massa elevada e também pelo volume dessas partículas e assim, elas possuem a capacidade de refletir e dispersar a luz.
Em casos de sistemas que não sejam coloidais, não conseguimos visualizar o trajeto da luz, como por exemplo, na água, uma vez que as espécies químicas presentes no sistema são pequenas como íons ou moléculas.
Pode-se observar esse fenômeno quando os raios solares percorrem uma neblina ou uma suspensão de poeira e assim, conseguimos enxergar o caminho que a luz percorre.
Outra característica importante é a observação do movimento browniano que é o movimento aleatório que ocorre com as partículas que estão dispersas no fluido e que acontece devido a constante colisão com as moléculas do dispersante. É esse movimento que explica a o fato das partículas de um sistema coloidal não se sedimentarem.
Qual a importância do coloide?
Além de observarmos os coloides o tempo todo no nosso dia-a-dia, seja tomando um banho, escovando os dentes, comendo algo ou simplesmente saindo de casa e enfrentando uma neblina, os coloides também estão presentes em diversos processos de produção de bens de consumo.
São utilizados no tratamento de água, em processos de separação nas indústrias de biotecnologia e também de meio ambiente.
Desse modo, a importância do coloide é enorme no nosso cotidiano e esses sistemas estão presentes em todas as esferas que lidamos ao longo da vida, mesmo que não reparamos ativamente.
Como separar um coloide?
Embora o coloide não possa ser separado utilizando-se os métodos de separação tradicionais conhecidos como filtração e decantação, há outras maneiras de realizar a separação das pequenas partículas dispersas.
Um desses métodos é a ultrafiltração que se utiliza de filtros com membranas semipermeáveis para realizar a separação das fases do sistema.
Outro método bastante utilizado é a centrifugação que devido a alta rotação da centrífuga permite a sedimentação de um dos componentes.